Se você está terminando o ensino médio, provavelmente deve
conhecer a história de
Bentinho e Capitu. Talvez sim, talvez não... Talvez esse seja um dos muitos livros que o
professor de literatura mandou ler, mas você deu o caô. Ou pode ser que ainda não tenha chegado o ano em que
o professor vai pedir esse livro. Ooou... (sim, ainda tenho fé na humanidade juvenil) você simplesmente gosta de ler e
já leu,
por livre e espontânea
vontade, a clássica
obra de Machado de Assis chamada Dom Casmurro.
Bom... Seja qual for a opção acima, eu vou te dar um
spoiler. O livro conta a história de 2 jovens que se apaixonaram ainda na adolescência e depois de trancos e
barrancos se casaram. Acontece que esse casal - como todo casal que se preze -
tinha um outro casal muito amigo - Escobar e Sancha. Mas o problema é que Bentinho era um cara
ciumento pra caraca e começou a desconfiar que Capitu e Escobar estavam tendo um
caso. Há, então, durante o desenrolar da
trama, uma série de
situações que
levariam a crer que a suspeita do protagonista seria verdadeira. Porém, um pequeno detalhe é fundamental nessa bagaça: a narrativa é contada em primeira pessoa.
Então, tudo
que sabemos da vida de Capitu, Escobar e do
próprio
Bentinho, nos é
relatado sobre o ponto de vista do Bento. Isso quer dizer que o que ele via
pode não ser
exatamente o que ele via, entende? Porque ele via tudo com seus olhos de
ciumento e vamos combinar que uma pessoa ciumenta nem sempre é a melhor juíza dos fatos quando se trata
do parceiro, né? O
fato é que
aquilo não foi
nada, nada bom pro casamento deles e... e... não vou contar o
final, né? Só o que posso dizer é que o grande mistério machadiano da literatura é saber se Capitu traiu ou não traiu. E sabe o quê? A gente nunca vai saber, já que não temos uma coisa chamada
imparcialidade dos fatos.
Tenho um casal de amigos que está com sérios problemas, porque a
esposa esta desconfiada que o cara está traindo ela. Como ela chegou a essa conclusão? Por causa de uma série de ligações para um número estranho no celular dele. Ela ligou pro tal número, uma mulher atendeu e
pronto... Deu-se o furdunço. Ele
nega. Ela afirma. E ai? Sinceramente? Não sei. Não sei porque nem tudo é o que parece. Não sei porque uma pessoa é inocente até que se prove o contrário. Não sei porque ela é ciumenta, e pode estar vendo chifre na cabeça de cavalo.
Ah, os ciumentos... Ah, o ciúme! Prova de amor? Tenho ciúmes porque te amo? Sei não...
Um outro amigo me contou que uma
vez um colega dele esqueceu a carteira no trabalho. Então esse meu amigo conseguiu o
endereço e
passou na casa do cara pra deixar a carteira. Acontece que ele anotou o endereço ou telefone, algo assim...
num papel ( não
existia celular na época,
gente!) e pôs no
bolso. Maaaas o problema é que o
nome desse cara era um desses nomes que terminam com "r" e servem
tanto pra homem quanto pra mulher. Vai daí que o papel ficou esquecido no bolso e a esposa
achou. Ela não falou
nada, mas teve certeza, a partir daquele dia, que estava sendo traída. Bom... Pra encurtar a
história...
O casamento deles acabou. Bom, não foi só por causa daquilo, lógico, mas pesou bastante nos conflitos. E só depois de algum tempo,
quando o trem já tinha
descarrilhado, é que
ele ficou sabendo da história do
papel. Então...
quanto aquela mulher sofreu, chorou, se martirizou por achar que estava sendo
traída?
Tudo por causa de um ciúme
infundado, por causa, além de
tudo, da falta de diálogo.
Por que raios ela não
perguntou ao marido quem era o tal nome do papel!? Ah... Mas os ciumentos...
Eles nunca acham que o acusado está falando a verdade...
Eu sei que o ciúme quando toma conta, é difícil. Tem hora que dá vontade de xingar a
criatura, esmurrar, esfregar a cara da sirigaita no asfalto quente. E vamos
combinar que uma pitadinha de ciuminho às vezes é bom né? Quando a gente vê que o outro tem ciúmes, sente que tem valor. Mas olha só, nada em excesso é bom. O ciúme excessivo pode se tornar
uma desgrama na vida de um casal. Minha mãe mesmo terminou com o primeiro namorado dela por ciúme, depois de 2 anos de namoro.
E eles se gostavam pra caramba. Então, vamos entender uma coisa... Ciuminho, tudo bem.
Posse, não.
Desconfiança, não. Primeiro, porque ninguém é dono de ninguém. Atenção: quando a gente espreme
muito uma coisa, ela sai entre os dedos. Além disso, se não houver confiança na pessoa que está contigo, então por que estar com ela? Confiar é fundamental numa relação. FUNDAMENTAL. Você pode achar o ciúme bonitinho, mas isso pode
ser muito sério.
Você tem
ideia de quantas mulheres são assassinadas por aí por causa de ciúme doentio do marido? Já pensou se essa moça do papel com o endereço simplesmente resolvesse se vingar e fizesse alguma
besteira com o cara totalmente inocente?
Aprenda a confiar. E se não confia, não esteja junto. E pra aquele
que está namorando
um ciumento, abra o olho. Não se deixe escravizar. Se realmente quer ficar com ele
ou ela, ponha os pingos nos Is. Não deixe de ter amigos, de passar tempo com sua família, ou qualquer outra coisa
por causa de um namoro. Além de serem namorados, os jovens têm que ser amigos e a relação tem que ser saudável, não uma disputa de posse. A
juventude passa, a vida passa, e os anos chegam com suas responsabilidades e
limitações. Não deixe de viver, de fazer
coisas simples da vida por causa de namoro ciumento.
E se você, meu caro leitor, é a parte ciumenta da relação, se não consegue se livrar disso,
se vê que
está
perdendo seu amor (SE for amor) por causa do seu ciúme possessivo, procure ajuda.
Converse com alguém
maduro, faça uma
terapia. Mas não deixe
de ter um relacionamento maduro e saudável por causa disso. Quem sabe você não é um Bentinho? Ou a moça da história do endereço no bolso, ou que vive
sofrendo com o sentimento da dúvida a cada vez que o outro digita uma mensagem no
Zapzap. Talvez você esteja
sofrendo como um idiota, por algo que nem em sonho é real.
Enfim... Não deixe que o ciúme estrague algo tão lindo que Deus criou para nós: a alegria do amor.
Ah... Minha opinião em Dom Casmurro? Claro que
não
traiu, gente!!! Tenho um tio-avô que era primo sobrinho bisneto da vizinha do leiteiro
do Machado, a quem ele confidenciou à boca pequena: Capitu era inocente!
Hauahauhaua...